A Santa
Nunca tinha atinado para a idéia. Mas, ontem, conversando com uma amiga que está lendo pela primeira vez "Cem anos de solidão", falávamos de Remedios, a bela. Nunca tinha pensado na possibildade de a personagem ter sido vista como uma santa. Mas, ao que tudo indica, realmente a idéia é de que a menina, que parece abobada, na verdade é alguém que está em uma esfera superior e, por isso, não se preocupa com os conflitos terrenos. O que mais reforça esta imagem é que ela não morre, mas sobe aos céus voando em um lençol branco, como um anjo.
domingo, dezembro 14, 2003
quinta-feira, dezembro 11, 2003
Me alugo para sonhar
Ao chegar em La Habana, capital cubana, em março, logo lembrei do conto "Me alugo para sonhar", de Gabriel García Márquez. Estava ansiosa para ver o hotel Habana Riviera. Na história, a personagem principal morria dentro de um carro que havia sido arremessado pelas ondas do mar que ultrapassaram El Malecón e bateram nas paredes do hotel. Não imaginava como era possível que o impacto das águas fosse tão forte a ponto de matar uma pessoa.
Até hoje não sei se é possível acontecer isso ou se já aconteceu, mas que as águas invadem as duas pistas de El Malecón e respingam ao passarmos na avenida, isso eu pude comprovar. E fiquei emocionada de estar no cenário de um dos fantásticos contos do meu escritor preferido.
Para conhecer a história basta acessar
Releituras .
Ao chegar em La Habana, capital cubana, em março, logo lembrei do conto "Me alugo para sonhar", de Gabriel García Márquez. Estava ansiosa para ver o hotel Habana Riviera. Na história, a personagem principal morria dentro de um carro que havia sido arremessado pelas ondas do mar que ultrapassaram El Malecón e bateram nas paredes do hotel. Não imaginava como era possível que o impacto das águas fosse tão forte a ponto de matar uma pessoa.
Até hoje não sei se é possível acontecer isso ou se já aconteceu, mas que as águas invadem as duas pistas de El Malecón e respingam ao passarmos na avenida, isso eu pude comprovar. E fiquei emocionada de estar no cenário de um dos fantásticos contos do meu escritor preferido.
Para conhecer a história basta acessar
quarta-feira, dezembro 10, 2003
Mário Prata fala de "Viver para contar"
Na coluna do Estadão de hoje Mário Prata fala da sua impressão sobre o livro "Viver para contar", autobiografia de Gabo. Ele destacou alguns trechos interessantes, que eu já li também, principalmente no que o autor fala que estranhava que a avó tirava os dentes para escová-los e assim, ele achava que ficava um buraco no céu da boca, de onde era possível ver toda a cabeça por dentro, como nariz, olhos e cérebro. Quanta imaginação, não?
Na coluna do Estadão de hoje Mário Prata fala da sua impressão sobre o livro "Viver para contar", autobiografia de Gabo. Ele destacou alguns trechos interessantes, que eu já li também, principalmente no que o autor fala que estranhava que a avó tirava os dentes para escová-los e assim, ele achava que ficava um buraco no céu da boca, de onde era possível ver toda a cabeça por dentro, como nariz, olhos e cérebro. Quanta imaginação, não?
sexta-feira, dezembro 05, 2003
Inspiração ou coincidência?
Desde que começou Kubanacan tenho pensado se Estéban não foi inspirado em algum personagem de García Márquez. O cara chega desmemoriado em uma praia e torna-se a atração do lugar. Não seria um pouco de "Relato de um náufrago" com "o afogado mais formoso do mundo"? Será que estou viajando? Não seria nada impossível, já que a história tem como cenário um lugar fictício do Caribe.
Desde que começou Kubanacan tenho pensado se Estéban não foi inspirado em algum personagem de García Márquez. O cara chega desmemoriado em uma praia e torna-se a atração do lugar. Não seria um pouco de "Relato de um náufrago" com "o afogado mais formoso do mundo"? Será que estou viajando? Não seria nada impossível, já que a história tem como cenário um lugar fictício do Caribe.
sábado, novembro 15, 2003
Morre musa inspiradora de Gabo
Margarita Chica Salas, a mulher que inspirou o escritor colombiano Gabriel García Márquez para escrever "Crônica de uma morte anunciada", morreu em maio, na cidade caribenha de Sincelejo.
A mulher, de 78 anos e solteira, morreu de um infarto na capital do departamento de Sucre (1.000 quilômetros ao noroeste de Bogotá), informou o diário bogotano "El Tiempo", e seu sepultamento aconteceu no dia seguinte nessa cidade.
De acordo com o diário, a mulher serviu a García Márquez, prêmio Nobel de Literatura de 1982, na criação do personagem de Angela Vicario em "Crônica de uma morte anunciada", livro publicado um ano antes de receber o prêmio.
Na trama literária, a protagonista é rejeitada na noite de seu casamento pelo marido, que descobre que Angela não era mais virgem. Como vingança, os irmãos da mulher desprezada se vingam, assassinando Santiago Nassar, suposto autor da 'desonra'.
A história foi levada ao cinema em 1987, em um filme dirigido pelo italiano Francesco Rossi e protagonizado por Ornella Muti.
Margarita Chica Salas, a mulher que inspirou o escritor colombiano Gabriel García Márquez para escrever "Crônica de uma morte anunciada", morreu em maio, na cidade caribenha de Sincelejo.
A mulher, de 78 anos e solteira, morreu de um infarto na capital do departamento de Sucre (1.000 quilômetros ao noroeste de Bogotá), informou o diário bogotano "El Tiempo", e seu sepultamento aconteceu no dia seguinte nessa cidade.
De acordo com o diário, a mulher serviu a García Márquez, prêmio Nobel de Literatura de 1982, na criação do personagem de Angela Vicario em "Crônica de uma morte anunciada", livro publicado um ano antes de receber o prêmio.
Na trama literária, a protagonista é rejeitada na noite de seu casamento pelo marido, que descobre que Angela não era mais virgem. Como vingança, os irmãos da mulher desprezada se vingam, assassinando Santiago Nassar, suposto autor da 'desonra'.
A história foi levada ao cinema em 1987, em um filme dirigido pelo italiano Francesco Rossi e protagonizado por Ornella Muti.
domingo, outubro 12, 2003
sexta-feira, outubro 03, 2003
Prêmio Nobel
Foi em 1982 que Gabo recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, pela obra "Cem anos de solidão". Outras feras também receberam a premiação máxima. O primeiro ganhador foi Sully Prudhomme (1901). Em 1909, foi a vez de Thomas Mann e em 1949, William Faulkner. Já em 1954, o vencedor foi Ernest Hemingway e em 1967, Miguel Angel Asturias. O poeta chileno Pablo Neruda foi contemplado em 1971, o mexicano Octavio Paz em 1990 e o português José Saramago, em 1998. Neste ano, o contemplado foi o sul-africano John Maxwell Coetzee.
Foi em 1982 que Gabo recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, pela obra "Cem anos de solidão". Outras feras também receberam a premiação máxima. O primeiro ganhador foi Sully Prudhomme (1901). Em 1909, foi a vez de Thomas Mann e em 1949, William Faulkner. Já em 1954, o vencedor foi Ernest Hemingway e em 1967, Miguel Angel Asturias. O poeta chileno Pablo Neruda foi contemplado em 1971, o mexicano Octavio Paz em 1990 e o português José Saramago, em 1998. Neste ano, o contemplado foi o sul-africano John Maxwell Coetzee.
quinta-feira, setembro 25, 2003
sábado, setembro 20, 2003
Gabo em Cancún
Os turistas e os habitantes do balneário mexicano de Cancún poderão ver a partir de hoje, sábado, uma exposição sobre a vida e a obra do Prêmio Nobel de Literatura de 1982, o colombiano Gabriel García Márquez.
A exposição "De Macondo a Cancún" foi aberta hoje no Palácio Municipal com o objetivo de estimular a leitura, informou o coordenador municipal de cultura, Fernando Domínguez Mora.
Até o dia 30 de novembro permanecerão expostas, além de edições de livros de García Márquez, fotografias, manuscritos e objetos pessoais do escritor colombiano.
Os turistas e os habitantes do balneário mexicano de Cancún poderão ver a partir de hoje, sábado, uma exposição sobre a vida e a obra do Prêmio Nobel de Literatura de 1982, o colombiano Gabriel García Márquez.
A exposição "De Macondo a Cancún" foi aberta hoje no Palácio Municipal com o objetivo de estimular a leitura, informou o coordenador municipal de cultura, Fernando Domínguez Mora.
Até o dia 30 de novembro permanecerão expostas, além de edições de livros de García Márquez, fotografias, manuscritos e objetos pessoais do escritor colombiano.
terça-feira, setembro 16, 2003
Personagens que transcendem
García Márquez sempre diz que criou certos personagens antes de haver uma história para eles. As criaturas ficam rondando sua cabeça e um dia acabam fazendo parte de um livro seu. O exemplo mais forte e interessante é o do coronel Aureliano Buendía. Apesar de ser um dos mais famosos de "Cem anos de solidão", ele nasceu muito anos antes. Sua apresentação foi em um conto escrito em 1955 entitulado "La Casa de los Buendía". Em "Ninguém escreve ao coronel", o personagem principal lutou junto com Aureliano nas guerras civis. Em "La Hojarasca", um rascunho do que seria a personalidade do mais famoso dos Buendía. Existe um coronel com o nome Aureliano.
García Márquez sempre diz que criou certos personagens antes de haver uma história para eles. As criaturas ficam rondando sua cabeça e um dia acabam fazendo parte de um livro seu. O exemplo mais forte e interessante é o do coronel Aureliano Buendía. Apesar de ser um dos mais famosos de "Cem anos de solidão", ele nasceu muito anos antes. Sua apresentação foi em um conto escrito em 1955 entitulado "La Casa de los Buendía". Em "Ninguém escreve ao coronel", o personagem principal lutou junto com Aureliano nas guerras civis. Em "La Hojarasca", um rascunho do que seria a personalidade do mais famoso dos Buendía. Existe um coronel com o nome Aureliano.
Monografia
A minha paixão por García Márquez já era sem limites na época da faculdade. Portanto, resolvi unir o útil ao agradável. O trabalho é uma abordagem sobre as diferenças e semelhanças do jornalismo e da literatura. O caso estudado foi o livro "Notícia de um seqüestro". A minha conclusão foi a seguinte: "O jornalismo pode ensinar a literatura a se enriquecer com acontecimentos reais e históricos, assim como a literatura com suas técnicas pode elevar o jornalismo à obra de arte" (pág. 55). Quem se interessar pelo assunto pode buscar consultar o trabalho na biblioteca de Comunicação Social da Uerj.
A minha paixão por García Márquez já era sem limites na época da faculdade. Portanto, resolvi unir o útil ao agradável. O trabalho é uma abordagem sobre as diferenças e semelhanças do jornalismo e da literatura. O caso estudado foi o livro "Notícia de um seqüestro". A minha conclusão foi a seguinte: "O jornalismo pode ensinar a literatura a se enriquecer com acontecimentos reais e históricos, assim como a literatura com suas técnicas pode elevar o jornalismo à obra de arte" (pág. 55). Quem se interessar pelo assunto pode buscar consultar o trabalho na biblioteca de Comunicação Social da Uerj.
segunda-feira, setembro 15, 2003
Duas interpretações
Vocês já repararam que o título da autobiografia de García Márquez tem outro sentido na publicação em português. O original é "Vivir para contarla", significa que o importante é viver intensamente para poder contar depois. Na edição brasileira "Viver para contar" dá a entender que a razão de sua vida é contar histórias. A primeira é mais interessante, bem no estilo "Sociedade dos Poetas mortos". Carpe Diem, lembram?
Vocês já repararam que o título da autobiografia de García Márquez tem outro sentido na publicação em português. O original é "Vivir para contarla", significa que o importante é viver intensamente para poder contar depois. Na edição brasileira "Viver para contar" dá a entender que a razão de sua vida é contar histórias. A primeira é mais interessante, bem no estilo "Sociedade dos Poetas mortos". Carpe Diem, lembram?
segunda-feira, setembro 08, 2003
Interatividade gabomaníaca
Estou na página 264 da edição espanhola "Vivir para contarla" e já tive muitas surpresas com as declarações de Gabo. Coisas que me marcaram foram a maneira como ele fala da influência das mulheres na sua vida; da história de uma tia que preparou o enterro com antecedência e depois de tudo pronto, deitou na cama e morreu; da famosa greve da Companhia Bananeira e até do seu caso com uma mulher casada quando ainda era adolescente. Gostaria de dividir com outros gabomaníacos as impressões sobre o livro. Quem tiver interesse, deixe um comentário aí e a gente inicia um bate-papo animado. Alguém topa?
Estou na página 264 da edição espanhola "Vivir para contarla" e já tive muitas surpresas com as declarações de Gabo. Coisas que me marcaram foram a maneira como ele fala da influência das mulheres na sua vida; da história de uma tia que preparou o enterro com antecedência e depois de tudo pronto, deitou na cama e morreu; da famosa greve da Companhia Bananeira e até do seu caso com uma mulher casada quando ainda era adolescente. Gostaria de dividir com outros gabomaníacos as impressões sobre o livro. Quem tiver interesse, deixe um comentário aí e a gente inicia um bate-papo animado. Alguém topa?
Vivir para leer
O caderno Prosa & Verso do "O Globo" dedicou uma página inteira sobre García Márquez, aproveitando o lançamento no Brasil de sua autobiografia "Vivir para contarla". E a reportagem fala do que eu já suspeitava. Esse não é o último livro que conta a história do escritor colombiano. Gabo lançará mais dois volumes de memórias. O primeiro vai até 1955, quando ele publicou seu primeiro romance "La Horajasca". O segundo irá até o sucesso de "Cem anos de solidão". O terceiro, iniciado recentemente, será uma série de reportagens escritas por ele. Preciso devorar o primeiro para saborear a espera pelo segundo.
O caderno Prosa & Verso do "O Globo" dedicou uma página inteira sobre García Márquez, aproveitando o lançamento no Brasil de sua autobiografia "Vivir para contarla". E a reportagem fala do que eu já suspeitava. Esse não é o último livro que conta a história do escritor colombiano. Gabo lançará mais dois volumes de memórias. O primeiro vai até 1955, quando ele publicou seu primeiro romance "La Horajasca". O segundo irá até o sucesso de "Cem anos de solidão". O terceiro, iniciado recentemente, será uma série de reportagens escritas por ele. Preciso devorar o primeiro para saborear a espera pelo segundo.
quinta-feira, agosto 28, 2003
Gabo nas prateleiras
Chega amanhã às livrarias de todo o país o livro mais esperado de Gabriel García Márquez. "Viver para contar". É o primeiro livro de memórias do escritor colombiano que conta seus anos de infância e juventude, da época em que começou a criar suas obras que entrariam para a história da literatura do século XX como "Cem anos de solidão" e "O amor nos tempos do cólera". A preciosidade sai pela Editora Record por R$ 55. Eu fui apressada e comprei o original por R$ 120 (em pesos). Em Cuba cheguei a encontrar por 10 dólares. Enfim, vale à pena tê-lo custe o que custar.
Chega amanhã às livrarias de todo o país o livro mais esperado de Gabriel García Márquez. "Viver para contar". É o primeiro livro de memórias do escritor colombiano que conta seus anos de infância e juventude, da época em que começou a criar suas obras que entrariam para a história da literatura do século XX como "Cem anos de solidão" e "O amor nos tempos do cólera". A preciosidade sai pela Editora Record por R$ 55. Eu fui apressada e comprei o original por R$ 120 (em pesos). Em Cuba cheguei a encontrar por 10 dólares. Enfim, vale à pena tê-lo custe o que custar.
domingo, agosto 24, 2003
Como está Macondo hoje
Vi esta notícia publicada na BBC, em 5 de dezembro de 2002 e achei legal deixá-la aqui. Muita gente deve ficar curiosa para saber como é hoje Macondo (na realidade, Aracataca). Aí para quem interessar possa:
Cidade natal de García Márquez vive anos de solidão
Valquíria Rey, enviada especial a Aracataca
A cidade colombiana que serve de cenário para a recém-lançada autobiografia do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Viver para Contar, está se queixando de abandono.
A pequena Aracataca, de 51 mil habitantes e situada no Caribe colombiano, foi onde o Prêmio Nobel de Literatura de 1982 nasceu.
O mais recente livro do autor começa com um noivado em Aracataca, entre o funcionário dos telégrafos Gabriel Eligio García e a jovem Luisa Santiaga Márquez - os pais do escritor.
Os habitantes da cidade, que serviu também de inspiração para a Macondo de Cem Anos de Solidão se dizem abandonados pelo poder central colombiano e muitos dizem que o escritor é responsável pela atual estagnação.
Esquecimento
"Ele é sim motivo de orgulho para todos nós. Mas nos esqueceu e, por causa dele, a cidade parou no tempo", disse à BBC Brasil o comerciante Ismael Ricardo Blanco.
O melhor retrato do abandono que atingiu Aracataca é o estado em que se encontra a Casa Museu García Márquez, onde nasceu o escritor.
Nas duas peças que restam estão poucos móveis: uma máquina de escrever Olivetti Studio 44, uma mesa de escritório, duas cadeiras de palha, o velho telégrafo de Gabriel Eligio García, pai de Gabo, e alguns quadros empoeirados da família pendurados nas paredes.
Declarada monumento nacional em 1996, a casa recebe menos de 500 visitas ao ano e sobrevive graças a caridade. No local, não existe uma loja, uma cafeteria, nem mesmo uma sala de exposições.
"Temos um projeto de restauração, mas necessitamos dinheiro. A prefeitura paga apenas os gastos de manutenção. Já o governo nacional nos abandonou", afirma o diretor do museu, Edgar Pérez.
Durante a infância de García Márquez, Aracataca prosperava com a chegada da empresa de comercialização de banana norte-americana United Fruit Co.. Hoje, é uma cidadezinha que não cresceu, está perdida no tempo.
García Márquez não tem sentimento regionalista. Ele deveria dar alguma coisa para seu povo.
"Aracataca segue igual ou pior que há 20 anos, quando ele ganhou o prêmio. Antes havia mais trabalho por aqui. Agora ficamos apenas com a fama", diz Nicolás Ąrias, primo do escritor.
O prefeito Efrain García Jiménez não sabe se é por conta do realismo mágico ou da nostalgia do livro de Gabo que os habitantes querem viver nos Cem Anos de Solidão.
"Não podemos viver em função do que tornou Aracataca famosa. O município está estancado em seu progresso. García Márquez não tem sentimento regionalista. Ele deveria dar alguma coisa para seu povo. Até mesmo se ele doasse alguns objetos pessoais, tornaria o museu mais atrativo aos visitantes”, afirma o prefeito.
Muitos dos familiares de Gabriel García Márquez, ou Gabo, ainda vivem em Aracataca.
Sentado em uma cadeira de plástico em frente de sua pequena casa de alvenaria, cuja porta está sempre aberta, Nicolás Arias é a presença viva da familia de Gabriel García Marquez na cidade.
Diferente do primo, o mais famoso escritor colombiano, Ąrias nunca quis abandonar uma das principais fontes de inspiração do Prêmio Nobel de Literatura: a cidadezinha de ruas empoeiradas e esquecida pelo poder central de Bogotá.
Ąrias, de 66 anos, não encontra o primo há mais de dez. Mas não se queixa: "Ele não se esqueceu do povo, da sua gente", disse.
"Depois do Nobel, Gabo esteve aqui apenas em três ocasiões. Ele não vem mais por questões de segurança, porque poderia se transformar facilmente em uma grande presa para os grupos violentos, que adorariam seqüestrá-lo."
Cotidiano
Apesar da ausência física, a literatura de Gabo está na vida cotidiana da cidade.
Como seus personagens imortais – Remédios, a Bela, o coronel Aureliano Buendía, o cigano Melquíades e Úrsula Igurán -, o nome de Gabo, suas frases, fragmentos de sua obra, passeiam pelas conversas dos adolescentes, dos velhos e dos homens durante os jogos de bilhar.
García Márquez nasceu em Aracataca em 6 de março de 1927. Morou na cidade até os oito anos com os avós maternos e três tias. Como ele mesmo conta, cresceu numa "casa de mulheres", cheia de histórias de fantasmas sem cabeça e lendas sobrenaturais.
Mesmo que nunca tenha voltado a viver na cidade, ela se converteu na inspiração de seu imaginário Macondo em Cem Anos de Solidão, a obra que o consagrou como grande escritor.
O lugar e as memórias de criança criaram seu "realismo fantástico", um gênero que mistura o imaginário e o real.
Depois de García Márquez ter ganho o Nobel, em 1982, Macondo se transformou em um dos lugares míticos da literatura universal.
Esse espaço que não existe no mundo real tem sua geografia, sua história e seus pontos turísticos para serem visitados.
Ainda hoje, Aracataca, em meio a plantações de bananas e um sol tropical, é reconhecida na Macondo da fictícia família Buendía: a estação de trem onde ocorreu o massacre dos trabalhadores bananeiros, as amendoeiras da praça Bolívar, a Rua dos Turcos e o rio.
“Aracataca é mundialmente conhecida. Nós é que devemos agradecê-lo”, disse.
Turistas
A cidade que um dia acreditou que poderia se transformar em um polo turístico, tem 30% de seus habitantes desempregados.
Ainda vive da banana, e as mariposas amarelas relatadas por García Marquez quase não aparecem por lá.
Aracataca segue igual ou pior que há 20 anos. Antes havia mais trabalho. Os turistas também são raros. Geralmente colombianos de cidades vizinhas, que quase nunca dormem no único hotel existente. Alguns vêm da Rússia, Estados Unidos, Grécia e Israel.
"A maioria vai para Santa Marta, capital do estado de Magdalena, e decide aproveitar para conhecer a cidade, distante apenas uma hora de carro", diz a agente de viagens Diana Lucía Noguera, ao informar que muitos perguntam primeiro por Macondo.
Devido à sua posição estratégica, Aracataca tem sido vítima da ação de guerrilheiros e paramilitares, que transformaram a estrada de acesso numa das mais perigosas do país, onde os seqüestros à luz do dia eram freqüentes.
Agora, as coisas estão mudando. Desde que o presidente Álvaro Uribe assumiu o poder, a polícia começou a voltar ao local e Aracataca, aos poucos, está abandonando os anos de solidão.
Vi esta notícia publicada na BBC, em 5 de dezembro de 2002 e achei legal deixá-la aqui. Muita gente deve ficar curiosa para saber como é hoje Macondo (na realidade, Aracataca). Aí para quem interessar possa:
Cidade natal de García Márquez vive anos de solidão
Valquíria Rey, enviada especial a Aracataca
A cidade colombiana que serve de cenário para a recém-lançada autobiografia do escritor colombiano Gabriel García Márquez, Viver para Contar, está se queixando de abandono.
A pequena Aracataca, de 51 mil habitantes e situada no Caribe colombiano, foi onde o Prêmio Nobel de Literatura de 1982 nasceu.
O mais recente livro do autor começa com um noivado em Aracataca, entre o funcionário dos telégrafos Gabriel Eligio García e a jovem Luisa Santiaga Márquez - os pais do escritor.
Os habitantes da cidade, que serviu também de inspiração para a Macondo de Cem Anos de Solidão se dizem abandonados pelo poder central colombiano e muitos dizem que o escritor é responsável pela atual estagnação.
Esquecimento
"Ele é sim motivo de orgulho para todos nós. Mas nos esqueceu e, por causa dele, a cidade parou no tempo", disse à BBC Brasil o comerciante Ismael Ricardo Blanco.
O melhor retrato do abandono que atingiu Aracataca é o estado em que se encontra a Casa Museu García Márquez, onde nasceu o escritor.
Nas duas peças que restam estão poucos móveis: uma máquina de escrever Olivetti Studio 44, uma mesa de escritório, duas cadeiras de palha, o velho telégrafo de Gabriel Eligio García, pai de Gabo, e alguns quadros empoeirados da família pendurados nas paredes.
Declarada monumento nacional em 1996, a casa recebe menos de 500 visitas ao ano e sobrevive graças a caridade. No local, não existe uma loja, uma cafeteria, nem mesmo uma sala de exposições.
"Temos um projeto de restauração, mas necessitamos dinheiro. A prefeitura paga apenas os gastos de manutenção. Já o governo nacional nos abandonou", afirma o diretor do museu, Edgar Pérez.
Durante a infância de García Márquez, Aracataca prosperava com a chegada da empresa de comercialização de banana norte-americana United Fruit Co.. Hoje, é uma cidadezinha que não cresceu, está perdida no tempo.
García Márquez não tem sentimento regionalista. Ele deveria dar alguma coisa para seu povo.
"Aracataca segue igual ou pior que há 20 anos, quando ele ganhou o prêmio. Antes havia mais trabalho por aqui. Agora ficamos apenas com a fama", diz Nicolás Ąrias, primo do escritor.
O prefeito Efrain García Jiménez não sabe se é por conta do realismo mágico ou da nostalgia do livro de Gabo que os habitantes querem viver nos Cem Anos de Solidão.
"Não podemos viver em função do que tornou Aracataca famosa. O município está estancado em seu progresso. García Márquez não tem sentimento regionalista. Ele deveria dar alguma coisa para seu povo. Até mesmo se ele doasse alguns objetos pessoais, tornaria o museu mais atrativo aos visitantes”, afirma o prefeito.
Muitos dos familiares de Gabriel García Márquez, ou Gabo, ainda vivem em Aracataca.
Sentado em uma cadeira de plástico em frente de sua pequena casa de alvenaria, cuja porta está sempre aberta, Nicolás Arias é a presença viva da familia de Gabriel García Marquez na cidade.
Diferente do primo, o mais famoso escritor colombiano, Ąrias nunca quis abandonar uma das principais fontes de inspiração do Prêmio Nobel de Literatura: a cidadezinha de ruas empoeiradas e esquecida pelo poder central de Bogotá.
Ąrias, de 66 anos, não encontra o primo há mais de dez. Mas não se queixa: "Ele não se esqueceu do povo, da sua gente", disse.
"Depois do Nobel, Gabo esteve aqui apenas em três ocasiões. Ele não vem mais por questões de segurança, porque poderia se transformar facilmente em uma grande presa para os grupos violentos, que adorariam seqüestrá-lo."
Cotidiano
Apesar da ausência física, a literatura de Gabo está na vida cotidiana da cidade.
Como seus personagens imortais – Remédios, a Bela, o coronel Aureliano Buendía, o cigano Melquíades e Úrsula Igurán -, o nome de Gabo, suas frases, fragmentos de sua obra, passeiam pelas conversas dos adolescentes, dos velhos e dos homens durante os jogos de bilhar.
García Márquez nasceu em Aracataca em 6 de março de 1927. Morou na cidade até os oito anos com os avós maternos e três tias. Como ele mesmo conta, cresceu numa "casa de mulheres", cheia de histórias de fantasmas sem cabeça e lendas sobrenaturais.
Mesmo que nunca tenha voltado a viver na cidade, ela se converteu na inspiração de seu imaginário Macondo em Cem Anos de Solidão, a obra que o consagrou como grande escritor.
O lugar e as memórias de criança criaram seu "realismo fantástico", um gênero que mistura o imaginário e o real.
Depois de García Márquez ter ganho o Nobel, em 1982, Macondo se transformou em um dos lugares míticos da literatura universal.
Esse espaço que não existe no mundo real tem sua geografia, sua história e seus pontos turísticos para serem visitados.
Ainda hoje, Aracataca, em meio a plantações de bananas e um sol tropical, é reconhecida na Macondo da fictícia família Buendía: a estação de trem onde ocorreu o massacre dos trabalhadores bananeiros, as amendoeiras da praça Bolívar, a Rua dos Turcos e o rio.
“Aracataca é mundialmente conhecida. Nós é que devemos agradecê-lo”, disse.
Turistas
A cidade que um dia acreditou que poderia se transformar em um polo turístico, tem 30% de seus habitantes desempregados.
Ainda vive da banana, e as mariposas amarelas relatadas por García Marquez quase não aparecem por lá.
Aracataca segue igual ou pior que há 20 anos. Antes havia mais trabalho. Os turistas também são raros. Geralmente colombianos de cidades vizinhas, que quase nunca dormem no único hotel existente. Alguns vêm da Rússia, Estados Unidos, Grécia e Israel.
"A maioria vai para Santa Marta, capital do estado de Magdalena, e decide aproveitar para conhecer a cidade, distante apenas uma hora de carro", diz a agente de viagens Diana Lucía Noguera, ao informar que muitos perguntam primeiro por Macondo.
Devido à sua posição estratégica, Aracataca tem sido vítima da ação de guerrilheiros e paramilitares, que transformaram a estrada de acesso numa das mais perigosas do país, onde os seqüestros à luz do dia eram freqüentes.
Agora, as coisas estão mudando. Desde que o presidente Álvaro Uribe assumiu o poder, a polícia começou a voltar ao local e Aracataca, aos poucos, está abandonando os anos de solidão.
sábado, agosto 23, 2003
Para não perder nada
Quem se interessa pelos livros de Gabo já pode ir riscando da listinha os que já leu e se preparar para comprar os outros. Os marcados são os que eu já devorei. Quem quiser dicas sobre eles é só deixar o comentário.
La hojarasca (1955) - A revoada
Entre cachacos. Notas de prensa, 2 (1954-1955)
El coronel no tiene quien le escriba (1961) - Ninguém escreve ao coronel
La mala hora (1962)
Los funerales de la Mamá Grande (1962) - Os funerais da Mamãe Grande
Cien años de soledad (1967) - Cem Anos de Solidão
La increíble y triste historia de la cándida Eréndira y su abuela desalmada (1972) - A incrível e triste história da cândida Eréndira e sua avó desalmada
Cuando era feliz e indocumentado (1973)
El otoño del patriarca (1975) - O outono do patriarca
Operación Carlota (1977)
Crónica de una muerte anunciada (1981) - Crônica de uma morte anunciada
El olor de la guayaba (1982) - O cheiro da goiaba
Notas de prensa (1961-1984)
El amor en los tiempos del cólera (1985) - O amor nos tempos do cólera
El general en su laberinto (1989) - O general em seu labirinto
Doce cuentos peregrinos (1992) - Doze contos peregrinos
Del amor y otros demonios (1994) - Do amor e outros demônios
La aventura de Miguel Littín clandestino en Chile (1995) - A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile
Noticia de un secuestro (1996) - Notícia de um seqüestro
Me alquilo para soñar (1997) - Me alugo para sonhar
Cómo se cuenta un cuento: taller de guión - Como contar um conto
La bendita manía de contar
Obra periodística completa (1999)
Vivir para contarla (2002 - Memorias) - Viver para contar
Quem se interessa pelos livros de Gabo já pode ir riscando da listinha os que já leu e se preparar para comprar os outros. Os marcados são os que eu já devorei. Quem quiser dicas sobre eles é só deixar o comentário.
La hojarasca (1955) - A revoada
Entre cachacos. Notas de prensa, 2 (1954-1955)
El coronel no tiene quien le escriba (1961) - Ninguém escreve ao coronel
La mala hora (1962)
Los funerales de la Mamá Grande (1962) - Os funerais da Mamãe Grande
Cien años de soledad (1967) - Cem Anos de Solidão
La increíble y triste historia de la cándida Eréndira y su abuela desalmada (1972) - A incrível e triste história da cândida Eréndira e sua avó desalmada
Cuando era feliz e indocumentado (1973)
El otoño del patriarca (1975) - O outono do patriarca
Operación Carlota (1977)
Crónica de una muerte anunciada (1981) - Crônica de uma morte anunciada
El olor de la guayaba (1982) - O cheiro da goiaba
Notas de prensa (1961-1984)
El amor en los tiempos del cólera (1985) - O amor nos tempos do cólera
El general en su laberinto (1989) - O general em seu labirinto
Doce cuentos peregrinos (1992) - Doze contos peregrinos
Del amor y otros demonios (1994) - Do amor e outros demônios
La aventura de Miguel Littín clandestino en Chile (1995) - A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile
Noticia de un secuestro (1996) - Notícia de um seqüestro
Me alquilo para soñar (1997) - Me alugo para sonhar
Cómo se cuenta un cuento: taller de guión - Como contar um conto
La bendita manía de contar
Obra periodística completa (1999)
Vivir para contarla (2002 - Memorias) - Viver para contar
El ahogado más hermoso del mundo
Esse é o título de um dos contos de que mais gosto de García Márquez. A história fala de um corpo que é trazido para a praia e acaba despertando a curiosidade dos moradores da região. Sua chegada mudou a rotina do povoado. A imaginação tomou conta de todos. De onde vinha? Era casado? Como era sua casa? E até nome lhe deram: Estevan.
Quem quiser ler um pouco mais sobre esta história fantástica e sensível basta procurar o livro "A incrível história de Candida Eréndira e sua avó desalmada"
Esse é o título de um dos contos de que mais gosto de García Márquez. A história fala de um corpo que é trazido para a praia e acaba despertando a curiosidade dos moradores da região. Sua chegada mudou a rotina do povoado. A imaginação tomou conta de todos. De onde vinha? Era casado? Como era sua casa? E até nome lhe deram: Estevan.
Quem quiser ler um pouco mais sobre esta história fantástica e sensível basta procurar o livro "A incrível história de Candida Eréndira e sua avó desalmada"
quarta-feira, agosto 20, 2003
terça-feira, agosto 19, 2003
Kafka
Uma das grandes influências de Gabriel García Márquez foi o escritor Franz Kafka. Em "Cheiro de Goiaba" ele diz que ao ler "A Metamorfose" descobriu que é possível contar coisas fantásticas como se fosse naturais. Olha só o que revolucionou sua vida de romancista:
"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou dos sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto mostruoso"
Uma das grandes influências de Gabriel García Márquez foi o escritor Franz Kafka. Em "Cheiro de Goiaba" ele diz que ao ler "A Metamorfose" descobriu que é possível contar coisas fantásticas como se fosse naturais. Olha só o que revolucionou sua vida de romancista:
"Quando certa manhã Gregor Samsa acordou dos sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto mostruoso"
O coronel dos peixinhos de ouro
Este é um dos meus trechos favoritos de "Cem Anos de Solidão". Um resumo da vida da personagem:
"O coronel Aurelíano Buendía promoveu trinta e dois levantamentos armados e perdeu todos. Teve dezessete filhos homens ilegítimos de dezessete mulheres diferentes, que foram exterminados um após o outro em uma só noite, antes que o mais velho chegasse aos trinta e cinco anos. Escapou de quatorze atentados, de sessenta e três emboscadas e de um pelotão de fuzilamento"
Este é um dos meus trechos favoritos de "Cem Anos de Solidão". Um resumo da vida da personagem:
"O coronel Aurelíano Buendía promoveu trinta e dois levantamentos armados e perdeu todos. Teve dezessete filhos homens ilegítimos de dezessete mulheres diferentes, que foram exterminados um após o outro em uma só noite, antes que o mais velho chegasse aos trinta e cinco anos. Escapou de quatorze atentados, de sessenta e três emboscadas e de um pelotão de fuzilamento"
Viver para contar
Ler García Márquez é como tomar uma dose de inspiração. Basta que eu leia seus livros para que vá dormir inquieta. Simplesmente porque as idéias não me deixam pregar os olhos. É neste momento que um grande otimismo me invade o espírito e eu penso que é possível seguir a diante, que basta eu querer para que uma história brote da minha cabeça e me impulsione a riscar o papel freneticamente. É com Gabo que aprendo o melhor que a literatura pode proporcionar. Quem sabe um dia eu tome coragem para também tornar-me uma escritora. Enquanto isso, busco este espaço para falar um pouco dele e de seu realismo mais que fantástico.
Ler García Márquez é como tomar uma dose de inspiração. Basta que eu leia seus livros para que vá dormir inquieta. Simplesmente porque as idéias não me deixam pregar os olhos. É neste momento que um grande otimismo me invade o espírito e eu penso que é possível seguir a diante, que basta eu querer para que uma história brote da minha cabeça e me impulsione a riscar o papel freneticamente. É com Gabo que aprendo o melhor que a literatura pode proporcionar. Quem sabe um dia eu tome coragem para também tornar-me uma escritora. Enquanto isso, busco este espaço para falar um pouco dele e de seu realismo mais que fantástico.
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